"e??? n me digas q ha uma idade limite e que eu ja a passei. porra!!!"

Obrigada pela minha primeira gargalhada do dia.
Mas há ou não esse limite? Porque é que o senso comum nos diz que há?
Um blog com exposição voluntária ao fumo
Numa uma espera prolongada à porta da catedral das francesinhas, de pé no passeio sujo de uma rua que me conhece desde pequenina, discorria com sofreguidão sobre a minha vida e olhava-te com atenção na tentativa de perceber se me ouvias. Tinha urgência, porque “Vai correr bem, estes nove meses vão ser uma experiência incrível”.
Tinhas razão e fazes a tua parte.
“Mamã, eu gosto mesmo dele. Pode parecer-te uma decisão precipitada, mas é isto que quero. Repara como ele brinca com o bobby. Estou certa de que será um bom pai para os meus filhos.”
Tendo proferido a verdade mais absoluta de que se sentiu capaz, sentada no sofá do pai para maior credibilidade, olhava pela janela e contemplava o futuro marido.
Desde pequena que tinha por hábito associar um animal às pessoas de quem mais gostava. A irmã mais nova era um touro. Uma maria-rapaz, que adorava futebol e era extraordinariamente desastrada. Hoje mesmo tinha manchado a toalha branca da mãe com os seus gestos largos enquanto discursava à refeição. Sempre ocupou demasiado espaço. E agora, com o terceiro rapaz a caminho, ocupava de cada vez mais. À mãe, via-a como um pequeno pardal. Uma mulher enérgica e por norma bem-disposta. Finalmente, o pai, com os seus olhos congestionados e bigode comprido e espesso, imaginava-o um gato constipado. Era calmo, ponderado e apenas intervinha quando absolutamente necessário.
A lei da gravidade, que impede que os seres flutuem sem rumo pelo espaço, funcionava bem com toda a família. Ele, porém, era uma vítima da lei da gravidade e precisava dela. Afigurava-se-lhe como um escaravelho de patas compridas e fortes. Quando calcorreava terreno conhecido, era veloz e decidido. No entanto, ao deparar-se com obstáculos inesperados, voltava-se de barriga para o ar e permanecia a balançar na carapaça dura e arredondada. Incapaz de virar a cabeça noutra direcção que não o céu, perdia a noção de onde estava e desesperava. Ela debruçava-se sobre ele e ajudava-o a retomar a posição inicial.
In the mood for marriage
O brinco de cerejas balanceava-se no indicador, para a frente e para trás. Ela estava completamente absorta no filme, a respiração acompanhava as cerejas carnudas naquele dançar familiar e agitava a mecha de cabelo que não conseguia prender atrás da orelha direita, por ser demasiado curta. Com a mão esquerda controla rapidamente esse estorvo, empurrando-o para o cimo da cabeça, sem perder o equilíbrio das cerejas na ponta do dedo.
O filme aproxima-se do final e a respiração dele torna-se cada vez mais acelerada. A antecipação do momento em que ela leva à boca a cereja encarnada deixa-o impaciente. E a mecha de cabelo teimosa que escorrega lentamente para a posição inicial, voltando a mover-se ao ritmo marcado pela respiração cadenciada. Ela cortou-a no dia em que o conheceu e ofereceu-lha. Ficou com os cabelos espetados, num daqueles repentes que a caracterizam.
“Estamos na época das cerejas. Eu gosto muito desta época. Quando conseguir prender o cabelo atrás da orelha, caso-me com ela”.
Estás a ver as palavras cruzadas nos jornais?
Divulgo-te assim.
Um conjunto de quadrados brancos e pretos. Escrevo as
respostas nos espaços brancos, porque metade são
realmente óbvias, por norma monossilábicas, e as
restantes são indecifráveis, mas fáceis de decorar por essa
razão. E não por outra qualquer. Todo este processo
de desaprendizagem passado e só então me apercebo
que afinal os quadrados pretos
também estavam vazios e a resposta era única.
Repetida ao longo das linhas e colunas, com algumas das letras
por vezes omitidas, de forma alternada. E tu
dormias repousadamente.
«Pai é o nome que se dá ao genitor (ou progenitor) de um filho ou mais filhos. É a pessoa do sexo masculino que gera uma vida, como consequência de fertilização. Pode ser também quem adopta uma criança, que por alguma razão não pode ficar com os seus pais. É também o equivalente masculino à mãe.
(…)
O pai cumpre o papel masculino:
na geração de um filho
na sua subsequente educação e criação na sua família
como responsável legal paterno por uma criança ou adolescente ou
em outras situações que se assemelhem às anteriores
O seu complementar feminino é a mãe.»
(…)
Definição retirada da Wikipédia
O meu pai dizia que eu gostava de riscar livros debaixo de mesas e que discutia ainda antes de saber formar palavras. Nunca se apercebia quando eu ia ao cabeleireiro. Tem umas mãos grandes, de veias salientes, com as unhas mais correctas que já vi. Não tenho tido muito tempo para olhar para as mãos do meu pai.