Monday, December 17, 2007

“A Crise dos Quarenta”

Um estudo da Universidade de Cambridge, da Grã-Bretanha, publicado na última edição da revista «Proceedings of the Royal Society», sugere que quanto mais poligâmica é uma espécie, mais rápido os machos envelhecem e morrem. As companheiras, por sua vez, vivem durante mais tempo.

Esta ideia não é nova. A defesa da Monogamia é sustentada, em parte, pela necessidade de preservação da espécie. Mais do que a Guerra do Sexos, o que aqui está em causa é a Guerra do Sexo.

Esta também não é mais do que uma evidência que suporta as teses económicas mais liberais. O mais forte (neste caso, do sexo dito mais fraco) consegue manter-se no mercado e fortalecer a sua posição desde que o seja efectivamente. E fá-lo graças à fraqueza dos outros. Resta saber até quando? Uma vez que os mercados são dinâmicos e as condições se alteram, a concorrência constante acaba por causar deterioração, mesmo nos mais capazes. Mais não seja porque, o que hoje é uma força, num futuro próximo pode não o ser.

No entanto, o livre funcionamento dos mercados não leva necessariamente à solução óptima. O constrangimento resulta do facto de que o resultado final estará sempre dependente das decisões sábias do dito sexo mais forte. Basta que este, num processo massivo de erradas opções, não garanta a perpetuação dos mais capazes. E permitam-me encarar isto com um certo pessimismo. Pois, apesar de acreditar, que a mulher no seu processo de decisão tende a escolher o ‘melhor’ progenitor por forma a estarem criadas as condições ideais para uma descendência com mais probabilidade de sobrevivência, é notório que o processo de matching entre sexos é cada vez mais complexo e difícil. Infelizmente, ou não, não há um processo que garanta a perpetuação dos melhores. Se é que os há! Os Melhores, claro está.

Outra questão que se coloca é o impacto desta descoberta ao nível do excesso de população. Podemos ser levados a pensar que o problema de excesso de população em países como a China ou a Índia acaba por não o ser. Por questões culturais, os casais privilegiam os filhos do sexo masculino – práticas de aborto quando são meninas ou abandono das mesmas numa sociedade que não está preparada para as acolher - o que se tem traduzido num claro desequilíbrio da população. Por si só, este desequilíbrio é um sério entrave ao crescimento demográfico de qualquer país. No entanto, se associarmos este facto à brilhante conclusão do estudo publicado nos «Proceedings of the Royal Society», podemos perceber mais uma vez a superioridade dos comportamentos atrás identificados. Afinal, não estão a colocar em causa a sua sustentabilidade. Antes pelo contrário. Estão a fomentar a concorrência entre os elementos do sexo dito fraco para que as suas nações se tornem mais fortes e possam assumir um papel cada vez mais importante em termos de organização geopolítica do mundo. Será este um plano maquiavélico que ainda não foi percebido pela inteligência superior de G.W.Bush?

Permitam-me um último devaneio. Se a concorrência apresentada no estudo é tão feroz e se essa concorrência afecta de facto longevidade dos elementos do sexo masculino, então talvez fosse útil mudar a unidade de medida de longevidade dos homens. Mais do que os anos vividos, seria interessante avaliar essa longevidade em termos de número de parceiras. Por cada parceira, seria realizada mais uma celebração. Uma coisa é certa, a crise dos quarenta deixava de o ser!!!!!

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